Monday, October 25, 2004

Urbano Perplexo

Sabe como é agenda de quem não tem dinheiro? Em branco. Quem briga sabe. Pra arrombar com os outros não precisa de munganga. Mas pra fazer bonito todo mundo da um voador shaolin, arriscando as articulações enferrujadas.
Eu que to cagado e não vou me trocar tão cedo, faço o que posso. Se me chamar de folclórico dou um voador na sua cara.
Ônibus, Burocracia, sol de fuder - ao menos ando mais a pé. a sandália no pé - batalha - fazem mais de seis meses (interrompidos três dias, pra dar uma variada). virei um franciscano errante e sacana. um excêntrico. Um bumba meu ovo ambulante, um fresco... Pois então.
Buracracia aceita. Interromper a jornada diletante em direção a bancarrota é uma maravilha, achar inutilmente que tenho jeito - ilusão - mas é bom.
De volta pra reunião, na mais bela das pontes, direção palácio de Justiça - lindo no entardecer -, uma cobra de duas cabeça? será possível? estou vendo uma verdadeira cobra de duas cebeça na vida real? - passou a trip - é uma moreia. na calçada, mais parecia um muçu. Pegar? nem pensar. com a ponta do quarda-chuva 5 golpe e ela no rio. a poesia está na indiferença. a evidente poesia do pescador, que perto do cabeamento ótico não passa de indigente - ele pesca siri e não ia se arriscar com uma moreia, até teria motivo pra rir se eu fosse mordido.
já na esquina uma carroça, um dedo e um pulo. ele ainda reduziu pra que eu subisse com mais facilidade, eu ja tava lá, foi um jesto civilizatório perdido, como todos devem ser.
Madeira, parafusos, uma chapa fina de ferro é o piso, rodas de carro, parafusos frouxos. somos em quatro, tudo nego, menos eu, tudo pobre, menos eu. o menino na minha frente, o condutor e o cara da esquerda dele. vamos beirando perigosamente carros estacionados a calsada do palácio do governo. passamos a guarda e depois a porta . um ônibus ameaça, mas dobra. estamos mais altos, porem os carros são sempre ameaçadores. o cavalo reduz, é a cabeça da ponte. fila de carros impacientes.
- reduz que eu pulo! obrigado! tudo tão rápido. acho que foi intenso, não dirigi a palavra a eles, não os olhei nos olhos, só o menino da minha frente. pulei.
era a curva. uma fiat conseguiu ultrapassa-los na curva. atrás, se eu tivesse cagando dinheiro, eu comprava um desses, um A4, audi, preto máfia, blindado, ninguem é besta de ter um desses sem blindar. bibi.
era um amigo de escola, ele está bem.
eu não nasci pro trabalho.

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