Monday, November 26, 2007

Rios de Merda

um buraco na nuca por onde sai o que gruda
deitado de bruços ou de papo pro ar
essa gosma continua a sair e melar por onde passo
fico na cama e tenho repugnância
estou envolto em geléia
não adianta tentar limpar não para de sair
me deito e penso

o que me pode tirar desse estado?
o que me trouxe a esse estado?
isso vai dar em que?

contemplo pessoas que não sofrem
ensaio revolta, inveja, vingança
nada me tira da condição em que estou
envolto em geléia de merda
e de tanto tempo vivo por ela
nem repugnância mais sinto

eu fumo e durmo
não como não trabalho não amo não fodo
embotado
obiturado
derretido

preso na téia de minha autoburocracia
olhando dentro de milhares de umbigos intestinos
fazendo congecturas idiótas
lambendo minhas próprias botas

Saturday, November 24, 2007

aborto

outro dia vendi um aborto
sou meio assim mesmo
ela me perguntou se eu queria ter filhos
e respondi que queria ter um aborto

na rua do amparo
um pouco depois de darci
tem um atelier com um quadro na porta
um olho no cu de uma figura no quadro na porta do atelier da rua do amparo
em alemão seria uma palavra só

a moto chegou
e combinei com lauderson de peguar uma carona com ele
pra belem
imaginei uma vida em cima de uma boleia
vivi um pouco em cima daquela boleia ali

em casa depois das compras dormi
acalmando as faltas de sentido desses meus caminhos

se faz mais amparo a vítima de acidente de aborto que parto

Sunday, November 18, 2007

a muito tempo atrás

eu disse que disse que ia escrever desse jeito só mais uma vez, depois postei tudo que ainda estava sendo escrito e me arrempendi.
ai eu saio com uma amiga minha que me diz que sente que vai morrer esse ano ainda, por mais que ela seja alemã, atea, só me ocorre que a culpa seja de minha beleza ou de minha capacidade de apaixonar as pessoas. barg ou arhg, e por mais que tente destruir minha própria imagem, auto imagem, destruir continuo o mesmo e o não conseguir continua me atasanando

eu estava doente, terminal, não me lembro de dor, mas era em um hospital descente que ficava onde é o agamenon magalhaes. no meu quanto no corpo do moribundo que estava deitado a minha frente encarna o diabo imediatamente reconhecido. me propõe tirar me do estado, prolongar minha vida, sei lá, só me lembro que era o diabo me propondo. eu morria de medo, eu negava e me sentia amedrontado e por obra do destino cortava pra outra cena.
perto do beco da facada chegava a um restaurante que tinha uma boa comida, um restaurante barato. conosco, eu e um amigo desconhecido, chegavam várias pessoas, fui obrigado a orientar o grupo a se dividir em três grupos para que restaurantes próximos podessem servir-lhes comida. eu e meu amigo fomos para um outro restaurante. corta e agora estou numa casa que era minha, nenhuma das que morei, num quarto, de novo, o diabo encarna num enfermo e modifica as feições desse enfermo, dessa ver reajo, sem reza, mas na voz havia alguma fé, que me envergonha, eu o rechaçava impedindo que ele propusesse o que eu já sabia.
logo eu que tinha marcado de encontrar papai no inferno

Wednesday, November 14, 2007

dia de serpentes

so sei que acordei as três e meia,
a casa estava em um morro com pasto,
e um touro espreitava do lado de fora da casa,
queria nos pegar,
dentro da casa, serpentes, muitas, apareciam de todos os cantos, e atravessavam a sala,
nosso caminho, tinhamos que chuta-las,
e elas seriam venenosas

Sunday, November 11, 2007

o dia em que salvei susana

as imagens que lembro mais são em um super mercado onde uma turba tentava linxá-la.
eu nao a via, mas via os rapazes de classe média, procurando um alvo onde o exercício de sua truculência não tivesse incorresse em culpa, melhor, condenação.

acordei pensando que eu podia prestar um serviço social de favores sexuais em presídios.
o problemas é que depois dos favores eu canso de meus favorecidos. é a hora em que meus favores viram desfavores e onde o carinho vira furto. nada de favores, quem saiba furtos autorizados

Friday, November 09, 2007

je t'amie...moi non plus

"Os franceses são...
passamos bons minutos pensando que adjetivo dar a esse povo que...

Existe um indiozinho de madeira, um amuleto, do Ceará, que te a cabeça grande e achatada.
esse índio, ou índia, trás uma simpatia que liberta os filhos das pragas de suas mães. Não sei onde encontrar-lo aqui em São Paulo, mas sei que estou procurando ele aqui. Justiça seja feita a doença de uma mãe pode ser revestida de querer bem e dizer mais respeito ao filho que a própria mãe.
Procuro desesperadamente o silêncio que me faça encontrar meu fio da meada, que me liberte desse texto na primeira pessoa, dessa obrigação em agradar, da insegurança, da dúvida e principalmente desse rompimento entre o pensar e o agir.

Esse texto não vale muito a pena ser lido, é um relato de busca de cura, de um cara que só consegue ver no espelho sua imagem idealizada.

Finalmente, mesmo que você nem entenda o que Gaisbourg desfila no título de sua canção mais celebre, qualquer pessoa tém a possibilidade de sentir o tanto de respeito e carinho que a cultura francesa tem pela palavra escrita e pensada. A razão que é justa nas palavras. A razão tomou outro sentido em minha vida depois da França, antes a razão era um mundo sórdido de justificativas pra uma realidade torpe, depois, passei a ver como as palavras militam por belos horizontes.
Não sou exatamente um construtor, o jogo em que mais gosto é destruir castelos, me lembro de belas demolições. Passemos a demolição que fez uma grande amiga.

Nesse texto acompanhado por uma cúmplice deliciosa. Ela me conta o tanto de tempo que levou para perceber o título de Gaisbourg, eu te amo...eu também não. O filme é lindo, e eu pensava, eu te amo...mas eu não, seduzido pelo filme, seus vazios, seu áridos. Mas sem a palavra justa fica-se perdido, meio machista sem sentido, pra muita gente também, quando o filme terminou na sessão obscura de arte gay do veneza anos noventa de Recife, aplatéia foi ao delírio com jeanne birking no chão.

Pois pois, a tal outra me ligou de madrugada me pedindo uma dose de uisque. incorrendo em siceridade, e sofrendo de orgulhos, parabéns pra ela

Tuesday, November 06, 2007

me fode que ainda sou santa, não, náutico!

de poucos em poucos me ocorrem ditos impolutos que me arrisco a querer publicar, natuaralmente, minutos mais tarde armado de papel e lápis ou a frente do computador, toda sabedoria se prova conto da carochinha.

De que vale tudo isso, se você não dá o cú.

Sunday, November 04, 2007

josé agora, ou juro que um dia escrevo direito mas hoje não.

eu vim pra cá pra parar de deixar de ser tema, palavra. pra trabalhar, mover e transformar. o processo inclui, algum isolamento, alguma solidão, algum anonimato.

coisas entre couchetes são sempre mais especiais que outras.

o silêncio me faz olhar pecados por não ter cometido; pecado de faltar com o prazer, o se omitir do projeto idealizado, o estar longe sem se dar conta, o de não ver olhando. estar vendo o que não está e não me dar conta do que é.
tanta besteira, tanto leite derramado. volto do filme me medindo, censurando o sentimento, que é tão ambíguo, o sentimento, que teoriso para me acalmar. o paradoxo que virou um ninho. as falas que professam o contrário.

coisas mais especiais que outras são o ó.

acordei com meu pai querendo me dar um beijo na boca pela segunda vez
a primeira não era sonho e ele tava bêbado, hoje de manhã ele era uma bicha enfurecida e pegajosa que corria atrás de mim na exposição de animais, numa espécie de estábulo.
acordei e caminhei ainda mais devagar.

dessa vez nada de couchetes